sexta-feira, 2 de outubro de 2015

ROLÂNDIA: ÁRVORE BEM PODADA

FOTO By JOSÉ CARLOS FARINA


ARCO E FLECHA NO NORTE DO PARANÁ ( LONDRINA E REGIÃO )

Concentração para atingir o alvo


Modalidade de arco e flecha vem atraindo cada vez mais adeptos no Estado

Fotos: Gustavo Carneiro
Mais concentração, mudança na postura corporal e melhora no convívio familiar são alguns dos benefícios destacados pelos praticantes da modalidade
Entre os participantes estava o estudante Matheus Yudi, de 26 anos, que disputou em agosto o campeonato mundial na Hungria
"Precisava praticar um esporte em que não houvesse risco de trauma", destacou o fisioterapeuta Afonso Ogawa
Apucarana – Mais concentração, mudança na postura corporal e melhora no convívio familiar. Estes são alguns dos benefícios destacados pelos praticantes de tiro com arco. O esporte chegou no Brasil há pouco menos de 20 anos e começa a ganhar mais adeptos. É uma modalidade mais simples do que o arco e flecha disputado nos Jogos Olímpicos e a pontuação também é diferente. O arco não tem mira ou estabilizador e o tiro é totalmente instintivo. "É o mais simples. É o arco, a flecha e o arqueiro", explicou o instrutor Marcelo Carraro, da Ordem dos Arqueiros Centro-Norte do Paraná. As prova são disputadas em áreas de mata que simulam as condições de caça. Os alvos são totens de animais e cada estação tem um grau diferente de dificuldade. 

No Paraná, a RD Arqueria, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, é a referência na promoção do esporte. A loja e escola promove torneios que atraem praticantes de todo o Estado. Mas na Região Norte começam a despontar associações e escolas de arco e flecha como a Associação Londrinense de Tiro com Arco (Alta) e a Associação Maringaense de Arco e Flecha (Amaf). Carraro organizou o primeiro torneio do ano na região no fim de semana, em Apucarana. Vinte e cinco arqueiros de Apucarana, Londrina e Maringá disputaram a prova no campo de treino Uchiha, na mata pertencente à Associação Cultural e Esportiva de Apucarana (Acea). 

Entre os participantes estava o estudante Matheus Yudi, de 26 anos, que disputou em agosto o campeonato mundial na Hungria. O arqueiro integrou a delegação brasileira que contou com 13 atletas do Paraná, São Paulo e Amapá. Foram cinco dias de prova e 1.300 atletas. Yudi começou a praticar tiro com arco há dois anos e incentivou a família. Hoje são cinco membros da família praticando o esporte. Entre eles, Gustavo Hayakawa Beiscalquim, de 6 anos. O menino, primo de Yudi, ganhou um arco de presente e hoje acompanha os pais nos torneios. A idade mínima da categoria infantil é de 8 anos, mas os organizadores sempre dão um jeito de Gustavo participar. 

Ele conta que já ganhou duas medalhas. "Ele ia com a gente nos torneios e levava um estilingue. Daí, um artesão de Londrina fez o arco sob medida para ele", conta o pai Edgard Beiscalquim. Os torneios são uma forma de recreação para a família. No fim de semana até o avô de Gustavo, Makoto Hayakawa, de 60 anos, acompanhou as provas. "Venho incentivar o meu neto. É um esporte legal, que deixa a pessoa tranquila, deixa a mente aberta. Melhor do que ficar na frente da TV", diz Hayakawa. 

EQUIPAMENTOS IMPORTADOS

Uma das referência do esporte na região é o fisioterapeuta Afonso Ogawa, de 53 anos, de Londrina. Ele começou a praticar arco e flecha por ser uma atividade sem muito impacto físico. "Precisava praticar um esporte em que não houvesse risco de trauma em função da minha atividade profissional, então escolhi o arco", destaca. 

O esporte, para o fisioterapeuta, proporciona liberar o estresse do dia a dia, fazer amizades e manter o preparo físico. "Mexe com toda a musculatura das costas, com o cardiorrespiratório e muda o teu nível de concentração", explica Ogawa. Ele treina uma ou duas vezes por semana, e pelo menos uma vez por mês vai para Campo Largo para treinar no campo da RD Arqueria para aperfeiçoar a sua técnica. 

Durante as provas, os arqueiros são divididos em patrulhas de quatro ou cinco pessoas, que vão percorrendo as estações de tiro. Na prova de Apucarana foram dez estações e três rodadas. Na primeira rodada, cada arqueiro podia atirar três flechas; na segunda, duas; e na última, apenas uma. A pontuação depende de onde a flecha atinge o totem. 

Os equipamentos são importados. Os arcos são feitos de uma mistura de madeira, fibra de vidro e carbono, o fio é de nylon trançado e as flechas podem ser de carbono ou de madeira. Um arco tradicional custa entre R$ 600 e R$ 800. O preço das flechas varia de R$ 20 a R$ 800, dependendo do material. Na hora de escolher um arco, são levadas em consideração as medidas do arqueiro e as flechas seguem as medidas do arco.

Aline Machado Parodi 
Reportagem Local